sexta-feira, 17 de março de 2017

Storytelling, Expectativas e Identidade

“Mama says life is a box of chocolate… You’ll never know what you’re gonna get”. Essa é a primeira frase que me vem à cabeça quando alguém menciona Forrest Gump. Em português, o título é acrescido de “O Contador de Histórias” e é exatamente aí que o filme ganha o paralelo com o storytelling que imaginei.

Durante o filme, o próprio Forrest conta sua história e consegue prender a atenção daqueles  que estão envolvidos na trama – e em especial quem está assistindo. Saber contar não é para todo mundo e, na verdade, são muitos aqueles que dão com os burros n’água de um jeito impressionante.

Um bom storyteller precisa saber usar elementos que atraiam a atenção da sua audiência para que ela permaneça ouvindo. É claro que nem sempre todo mundo vai ouvir o que você tem a dizer, mas é certo que alguém vai parar para saber e é neste momento que você precisa ter algo incrível para que essa pessoa escute.

Imaginação e expectativa

Essas duas coisas são intangíveis e têm um valor muito alto quando estamos falando de um público heterogêneo. Cada um espera algo diferente. Faça um experimento: descreva uma fotografia para dois ou três amigos e, em seguida, mostre a imagem a eles. Depois, tente responder:

Eles imaginaram a fotografia do jeito que ela realmente é ou fizeram interpretações diferentes do seu relato?
Você criou algum tipo de expectativa neles enquanto contava?
Você deixou de contar alguma coisa ou exagerou em algum momento?
Eles ficaram decepcionados, satisfeitos ou surpresos com a imagem?

Tudo isso serve para você começar a compreender melhor como se deve usar recursos narrativos para manter seu público atento. Neste caso, saber fracionar a história é um trunfo importantíssimo.

Continua no próximo episódio…

Quantas vezes você não ficou com raiva dessa frase ao lê-la no final de um seriado? Justo quando o bandido está prestes a ser preso o letreiro maldito aparece e suspende a sua expectativa para mais um episódio. Este é um recurso muito válido para fazer com que as pessoas mantenham o interesse na sua história.

Por isso, pense em fracionar seu conteúdo para que o interesse não acabe em apenas uma parte. Não pense que o seu conteúdo ficará restrito a apenas quem acompanha desde o início. Como a história estará dividida, outras pessoas podem buscar episódios antigos para entender como a trama chegou naquele determinado ponto.

Dar continuidade a uma história significa elaborar conteúdo o suficiente para gerar uma “saga” completa, com personagens complexos, vilões e obstáculos faz com que as chances de identificação com o público aumente. Mais uma vez: quando uma história é bem contada, as pessoas costumam lembrar dela.

Identificação pode virar engajamento

Quando há identificação, as chances de engajamento são ainda maiores. Histórias bem contadas nas redes sociais têm o trunfo de aproximar pessoas que compartilham interesses. Um bom exemplo de storytelling é a Happines Factory, da Coca-Cola. Porém, o mais recente e impactante deles foi a campanha Kony 2012.

Munida de um vilão perigoso, vítimas indefesas e uma promessa de união para derrotá-lo, a ONG “Invisible Children” soube contar essa história de um jeito bastante envolvente. Quem assistiu ao vídeo de mais de meia hora conseguiu sentir raiva, compaixão e até mesmo vontade de participar da ação.


Como já foi desvendado, o vídeo Kony 2012 relatou uma realidade que não é mais atual – mas nem por isso mentirosa. As imagens têm cerca de dez anos e ninguém sabe ao certo o que foi feito com o dinheiro doado, tampouco a sua verdadeira origem.

Uma coisa é inegável sobre o caso: a estratégia nas mídias digitais foi perfeita. Soube engajar e comover milhares de pessoas. Portanto, a escolha dos canais e fragmentos da história que serão publicados nestes deve ser bem estudada. Com isso, você estará trabalhando com transmidiatic storytelling, ou seja, histórias contadas em meios diferentes.

Qual é a sua história?

Fonte: MOT Digital

Nenhum comentário:

Postar um comentário